Orkut Scraps - Wiccan


“Por dentro e por fora a Deusa está em mim…
Eu sou da Deusa para toda ação do bem,
Debaixo de mim surge Sua energia de toda a terra;
Sendo minha fundação e minha casa,
Por cima ela me derrama Sua luz do Sol e da Lua encantadora.
Em minha mão direita recebo a força,
Para controlar e dirigir minha magia,
Escondida no fundo de minha alma.
Em minha mão esquerda recebo as habilidades,
De sua energia divina para curar e ajudar,
Com a sabedoria do tempo.
Para mim, é a fonte da bênção.
Assim será e nunca acabará.”

autoria desconhecida

segunda-feira, 17 de novembro de 2014


Oração de Devoção à Deusa

“Por dentro e por fora a Deusa está em mim…
Eu sou da Deusa para toda ação do bem,
Debaixo de mim surge Sua energia de toda a terra;
Sendo minha fundação e minha casa,
Por cima ela me derrama Sua luz do Sol e da Lua encantadora.
Em minha mão direita recebo a força,
Para controlar e dirigir minha magia,
Escondida no fundo de minha alma.
Em minha mão esquerda recebo as habilidades,
De sua energia divina para curar e ajudar,
Com a sabedoria do tempo.
Para mim, é a fonte da bênção.
Assim será e nunca acabará.”
autoria desconhecida

Postado por Lilian Amaral

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

    Mente de bruxa é pentagrama
    É clareira onde o ar suspira, o fogo transforma, a água espelha e a terra triunfa
    Ouvido de bruxa é grimório, receptáculo de pólen
    Que recebeu as divinas verdades ancestrais pelo vento e que, através dele, as perpetuam.




 Ela Sabe
 Ela queria falar da lua
 Dos seus ciclos
 Sobre a mulher .
 Entender o amor
 Curar sua dor
 Queimá-lo num feitiço
 Morar num paraíso.
 Ela queria um colo
 No fundo ela é uma menina
 Com alma de guerreira
 Num corpo de mulher.
 No fundo ela espera
 Pelo príncipe encantado
 Ela acredita no amor
 Numa poção com ervas
 Num chá pra curar a dor
 Mesmo que não cure
 E só a faça dormir .
 Ela pode não falar
 Pode não entender
 Mas ela ama
 Ela sente
 Ela sabe.
 (((Carolina Salcides))



domingo, 28 de setembro de 2014

AS MULHERES GUERREIRAS CELTA

As mulheres celtas viveram por volta de 1.500 anos a.C., inicialmente, às margens do Rio Danúbio, na Alemanha, e depois se distribuíram pelo norte da Europa (Alemanha, Suíça, Suécia), Reino Unido (Irlanda, Inglaterra e Escócia), e para a Península Ibérica (Portugal e Espanha).
 As mulheres de origem Celta eram criadas tão livremente como os homens, A elas era dado o direito de escolherem seus parceiros e nunca poderiam ser forçadas a uma relação que não queriam. Eram ensinadas a trabalharem para que pudessem garantir seu sustento, bem como eram excelentes amantes, donas de casas e mães.
 A primeira lição era: “Ama teu homem e o segue, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe ensinou: amor, companheirismo e amizade.”
Todas as mulheres celtas eram temidas por seus oponentes, pois elas eram treinadas ao manejo das armas, mas também amavam seus filhos com muita paixão e para defendê-los, golpeavam e matavam selvagemente seus inimigos. Suas ações eram tão fulminantes, que se dizia que todas elas se convertiam em uma espécie de catapulta. Pode-se mesmo afirmar, que essas mulheres, protegidas da Deusa, manifesta em seu aspecto mais terrível, as convertiam em inimigas invencíveis.
 As batalhas sangrentas, como as realizadas pela rainha vermelha Boudicca, nos dão uma idéia de como é feroz a essência de toda a mulher quando sua prole é ameaçada. E não é o que ocorre em nossos dias? A agressividade da mulher está manifesta no mundo laboral, em sua eficácia produtiva, se tornando uma lutadora no mundo dos homens. Ainda hoje, luta com máxima ferocidade, contra a honra e respeito perdidos, buscando a igualdade de direitos e deveres.
Nosso retorno à Deusa é importante para toda a mulher que busca a totalidade. Toda a mulher que encontrou o sucesso no mundo atual, teve que sacrificar seus instintos e sua energia feminina, pois vivemos em uma sociedade patriarcal. Sociedade essa, que para disciplinar os instintos e atingir o estado heróico, matou e dividiu em pedaços a Deusa para retirar-lhe toda a potência.
 O retorno à Deusa, nada mais é do que uma reconexão com a nossa feminilidade, ou seja, um reencontro com a nossa "mãe", que foi silenciada muito antes de nascermos. Infelizmente, quase todas as mulheres, em virtude da cultura patriarcal, foram criadas sob a orientação e vigilância de autoridades abstratas e coletivas e acabaram por alienar-se da sua base feminina e da mãe pessoal, que freqüentemente é por elas considerada fraca e irrelevante. Mas, é para estas mulheres que este retorno é mais necessário, pois sem ele jamais elas serão completas.
Antigas lendas falam de mulheres sábias, médicas, legisladoras, druidesas, poetisas, indicando que as mulheres ocuparam essas posições dentro da sociedade. Tampouco eram excluídas do privilégio da educação, pois existem numerosos registros a respeito. Também houve mulheres que governaram e esposas de governantes muito populares, assim como também guerreiras. Podiam ainda, ostentar o mando militar, como foi a caso de Boudicca, a Rainha e Capitã da tribo dos Iceni britânicos, cujas ações bélicas foram consideradas as mais sangrentas realizadas pelos celtas.
 Quanto as druidesas, embora muitos autores negam a sua existência é por não terem sido mencionadas por alguns historiadores da época como Júlio César, que nunca chegou até as ilhas, de onde provinham todos os relatos acerca das sacerdotisas. Entretanto, Pomponio Mela faz um relato sobre elas quando acompanhou Adriano até as ilhas britânicas: "havia na alta Caledônia mulheres sacerdotisas chamadas Bandruidh que, igual aos druidas varões estão divididas em três categorias..." e segue detalhando sobre o lugar que ocupavam na sociedade e as funções que exerciam.
As lendas nos narram episódios onde mulheres druidas eram relevantes na história, assim: Gáine como uma chefe druida, Aoife ou Aife, irmã de Deusa Scâthach, que com sua varinha converte em cisnes os filhos de Lyr. A Biróg, outra druidesa, que ajudou Cian a conhecer Eithlinn, feito muito relevante na mitologia celta irlandesa, pois dele nasceria posteriormente Lugh.
 Muito embora a mulher celta fosse uma guerreira, ela se preocupava com a aparência. Trançava os cabelos, usava muitos adornos e até pequenos sinos em suas roupas para atrair a atenção do sexo oposto. Forte, mas feminina, pois sabia que era a única do gênero humano que podia dar vida. Sem descendência, não haveria família, nem clã, nem tribo. Com escassa descendência, sua tribo se tornaria menos numerosa, possuindo menos recursos, menos mãos para o cultivo e para guerra.
Sabemos que foi através da Mulher que os povos Celtas se organizaram. Algumas mulheres, sentindo em si mesmas o Espírito dos seus Ancestrais e dos Deuses divulgaram essa Mensagem tornando-se Voluspas. Leitora do Oráculo e seu eco místico, a Mulher tornou-se legisladora e, com isso, poderosa: a voz da Voluspa era a voz Divina que vinha do ventre da Terra e ecoava por todo o sistema cósmico.Forte, o Oráculo da Voluspa era Lei Geral. Código de Honra.

 Os celtas viviam em uma sociedade harmônica, que não era nem matriarcal, nem patriarcal, ou seja, as tarefas e as responsabilidades na aldeia eram realizadas de forma complementar - dentro do que seriam os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade (observação pessoal).
- Os homens utilizavam sua energia masculina relacionada com a razão e a força física, basicamente, para fazer ferramentas, caçar e defender a aldeia, enquanto que as mulheres empregavam a energia feminina da intuição na manipulação dos alimentos e medicamentos, como também na arte de curar.
 - O homem era representado pelo sol, pelo dia, o claro e a capacidade de prover; e a mulher pela lua, a noite, que acolhe, acomoda e acalanta.
- Não havia a imagem rígida do "certo" ou "errado", mas posturas diferentes de vida, sabendo que cada um é responsável pelos seus atos, que tudo tem "os dois lados da moeda" e que o próximo devia ser respeitado.
- Os casais se uniam de acordo com sua livre escolha, sem dogmas ou obrigações e da mesma forma se separavam quando desejassem.
- Não havia o conceito de "posse" ou de domínio, nem de dualidade entre casais, mas sim o conceito de complemento.
- As mulheres eram muito respeitadas porque "sangravam" todo mês e não morriam, enquanto que o mesmo não acontecia com os homens, que voltavam feridos do campo de batalha. Também porque elas eram capazes de dar cria a seres pequenos.
- O Deus-chifrudo era a representação de um grande caçador, que havia caçado o maior e mais forte alce e usava a galha (chifre) deste animal como exibição de força e poder.
- Batizavam suas crianças com rituais de entrega do ser pequenino aos deuses para pedir proteção e ofertar a esta criança as características do deus/deusa escolhido(a).
- Casavam-se celebrando a junção de duas almas que se escolheram para compartilhar os sentimentos que nutrem uma pela outra.
- A dor era respeitosamente chamada de "Mãe-Dor", sendo compreendida como uma forma de ajudar a pessoa a crescer.
Os celtas viviam próximos à floresta, eram caçadores e agricultores.
- Observavam e estudavam as pedras, as plantas (ervas), as fases da lua, a influência que exerciam em suas vidas e tinham assim um bom relacionamento com a água, com o fogo, com a terra, com os animais e os elementais (espíritos da natureza).
- Realizavam festas, com danças, músicas e rituais, para comemorar fases da lua, estações do ano, boa colheita, chegada das chuvas, entre outras, as quais costumavam durar do poente ao nascente.
- Pão e vinho: eram utilizados nas refeições simbolizando as bênçãos que a terra dá.
  As mulheres sobreviventes, de tanto serem perseguidas, infiltraram-se na floresta em busca de proteção e lá reunidas puderam aperfeiçoar e preservar seus conhecimentos.
- Algumas destas mulheres eram uma ameaça para o alto clero católico, por não aceitarem submeter-se aos conceitos da Igreja, e em função da sua sabedoria popular, da capacidade de cura e de adivinhações, entre outras qualidades, e "poderes psíquicos" que demonstravam e, por isso, foram aprisionadas e condenadas à fogueira.
- Em função desta perseguição, preferiram reunir-se secretamente e preservar seus conhecimentos utilizando-se de símbolos.
A sociedade celta sempre reservou à mulher um lugar de honra, e nos melhores momentos irlandeses - épicos ou mitológicos - lá onde o paganismo se manteve mais forte, ela aparece como poetisa encarregada das profecias e mágicas. Era livre, dona de seu destino. Mas, com a romanização e a cristianização, foi transformada em bruxa, sendo-lhe imputados todos os aspectos inferiores da magia.
 Pertencia, porém, em um certo tempo, à uma sociedade de transição entre o matriarcado - onde a mulher era vista por sua função criadora, como um ser mágico, uma divindade - e o patriarcado - onde o homem, ciente de sua participação ativa no ato da fecundação, passa de inferior ou igual à superior à mulher.
Temos de ter essa visão clara em mente, até para podermos apreciar ainda mais uma sociedade que, em plena turbulência militar da Idade do Ferro, onde valores masculinos como coragem e força eram vitais, mesmo assim fomentou a igualdade entre os sexos de forma bastante acentuada. Ainda que a sociedade celta jamais tenha sido 'matrifocal' como querem alguns, a mulher celta era muito mais respeitada do que as mulheres de culturas ditas "civilizadas" como a grega e a romana.
"Jamais permitas que algum homem te escravize, nascestes livre para amar e não para ser escrava.

 Jamais permita que você mesma perca a dignidade de ser MULHER!!! 
Homenagem à Hécate

Quantos mistérios se escondem na noite;
Em círculos esquecidos,
Em Tríplices encruzilhadas.
Em nosso espírito,
Que com sede vai ao encontro dela.
Anciã de inesgotável sabedoria,
Preencha nosso vazio com tua totalidade.
Toca nossos corações,
Que jazem adormecidos,
Entorpecidos, esquecidos...
E nos faz novos.
Nas loucuras das mil voltas que dou...
Voltas, em volta do ventre, Reviravoltas.
Tú que és respeitada pelos Deuses,
Reverenciada pelos homens,
Deusa Hécate,
Foste negada e condenada ao esquecimento,
Em épocas distantes, porém lembradas.
Mas hoje, sob o mesmo céu,
O mesmo Sol e a mesma Lua,
Teus filhos secretos se reúnem novamente,
Sem medo no coração.
E giram teus círculos mágicos,
Bradam teus versos sagrados,
Cantam teus nomes,
Encantando teus bosques e florestas,
Enchendo a vida de Magia.
Sei que és meio lembrada,
Meio esquecida,
Mas teu culto em nossos corações,
Não pode ser impedido.
Amo-te Bruxa!
És em mim minha amada,
Hécate das Encruzilhadas!

http://grandemaehecate.blogspot.com.br/

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

    Lua Nova - 24/09/2014


    A Lua Nova - O Recomeço

    Essa Lua narra o recomeço. O inicio singular, quando devemos respirar fundo e apreciar a aurora intensamente. Escutar os pássaros e nos abrir para o mundo, deixando o mundo chegar até nós. Essa é uma ciência agradável para todos aqueles que já encontraram um equilíbrio entre as forças da luz e da escuridão (noite e dia).
    ...
    A Lua Nova nos pede reflexão, nos pede menos intensidade também, apreciar a natureza e seus mistérios é uma ótima forma de estabelecer contato com essa lua que pede a você que se organize, planeje, elabore, pense por alguns instantes no dia seguinte.
    Para quem segue a Natureza, a Lua Nova e Crescente representam o tempo de inicio, de semear e despertar. A Lua emerge saíndo da escuridão e "nasce" novamente. A maré muda, tudo é transformado.
    A Lua Nova é adequada para planejarmos nossas ações futuras e pensar em como poderemos tornar nossos pensamentos e projetos em ações que resultem em conquistas.
    Porém a Deusa ainda está "ausente", ela ainda se encontra no Submundo, se preparando para voltar como "A Donzela" ou "A Virgem", ainda é um momento de reflexão, só que agora momento de pensar no "AMANHÃ", planejar, estudar, dar início a cursos, trabalhos, projetos, pois é o momento do plantar para colher depois.
    É a Lua dos bruxos e magos, pois é o momento regido pelo Deus como o orientador e a Deusa como a acolhedora, as bruxas e magas ainda "descansam" nesta Lua, comungando com a Deusa, para voltarem renovadas na Lua Crescente.
    ...Ao passar por uma encruzilhada, você irá se deparar com Hécate e ela dirá que nossas vidas são feitas de escolhas. Não existem escolhas certas ou erradas, mas sim, somente escolhas. Independente do que escolher, a experiência, por si só, já é algo valioso. Hécate insiste para que não tenhamos medo do desconhecido. Os desafios apresentados precisam de um salto de fé da pessoa que faz a escolha. Confie que será capaz de fazer uma escolha quando chegar a hora. Conceda-se tempo e espaço, nunca se censure ou se culpe, apenas faça sua escolha.....
Aos Olhos do coração a Verdadeira Essência se Revela...

By Heitor Alves Borges

Eu vejo a Sábia mulher...

De seus ombros, um Manto de Energia Flui...

Eu a vejo em seu Tear.

Cada segmento é Único, Perfeito, cheio de Vida, Som e Cor...

Ela Caminha com uma Vara bem Talhada.

Sua Voz Fala de uma Canção, de uma História, de uma Dança.

Ela me Vê e abre seus braços...

Neles está as Vibrações de nossos Ancestrais...

Recebo a Abundância de sua Compaixão, Ciente de que servirá de Alimento para outros Irmãos.

Meu coração Celebra todas as Idas e Vindas, pois são apenas a voltas da Espiral.

Compreendo que morrer é apenas um Portal, assim como Nascimento.

Somos o Eixo da Matriz da Vida em constante movimento.

Os Desígnios do Universo se manifestam através de nós.

Vejo uma Sábia mulher e Ela sorri dos Santuários em milhares de lugares.

Ela tem suas Raízes no solo de cada país e Flui sua Vibração em todos os rios e nas ondas de cada oceano.

Para onde quer que eu olhe, vejo a Sábia mulher e ela sorri para mim...

Susan Weed

Postado por Heitor A. Borges

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

MAGIA WICCA

    Que o tempo seja sempre o seu melhor parceiro, trazendo serenidade, equilíbrio e sabedoria que lhe darão a receita ideal de como viver a vida, aproveitando o melhor que ela tem a oferecer.
    Que as conquistas do passado lhe tragam à lembrança, não só alegrias, mas também a força e o entusiasmo para superar eventuais obstáculos e implementar os mais importantes projetos para o futuro.
    Ouvimos as vozes do mundo...
    Os sussurros dos mistérios dos oráculos.
    Aprendemos a manipular o dom da cura, decifrar os sonhos,
    E sabemos que temos que controlar nossos poderes.
    Eles devem ser usados com responsabilidade, e não com impulsos de desejos apenas.

    ...
    (((O Olhar da bruxa)))




GUERREIRA DA VIDA

Sou valente e sou forte... Sinto-me guerreira e também muito decidida.
Minha vida eu mesma faço e diante de qualquer embaraço me coloco a favor da vida.
Se ela me pôs aqui, sei que vai trazer a saída...
Mas é bom aprender a olhar e enxergar a resposta pois se aquilo aconteceu, tem algo a me ensinar na vida.
É olhando essa lição e aprendendo, que me faço evoluída...

Por: JANDIRA MORAES


"Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão....tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.Não me limito , não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer...Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato..



FONTE: CLARICE LISPECTOR
Invocação a Lua... ‘Senhora do Céu e da Noite... Companheira de nossos Sonhos e Visões... Mostra-me como transformar meus Ideais, Em plena Realidade... E como viver em Sintonia com a Luz da Verdade... Mãe Noturna, Orienta-me... A ouvir a Voz Interior, Silenciando a inquieta mente. Ensina-me a Escutar Teu Conselho, No pulsar de meu coração... Vibração Celestina... Refle em minha alma, Tua Face prateada, Iluminando meu Ser, Até o Amanhecer...' 

 Heitor Alves Borges

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O Deus Cornífero - Parte I

O Deus Cornífero possui inúmeros nomes. Ele é chamado de Consorte da Deusa, Doador de Vida, Senhor da Morte e Ressurreição, Deus das Sementes, Flores e Frutas, Antigo Deus da Fertilidade, o Senhor da Dança.
Ele é conhecido por Cernunnos, Herne, Pan, Osíris, e outros incontáveis nomes.
O Deus é adorado sob muitas formas e nomes, mas o aspecto predominante venerado por nossos antepassados foi o Deus Cornífero. O homem do período Paleolítico de 12 mil anos atrás retratou inúmeras vezes nas paredes das cavernas o Deus Cornífero da Caça, um ser meio homem meio animal.
O Deus Cornífero teve uma força dominante, mesmo depois do aparecimento de novos Deuses. Esse poderoso arquétipo continuou existindo durante 10 mil anos, depois de aparecer primeiramente em pinturas rupestres nas paredes das cavernas.
Chifres sempre foram sinais de algo Divino. Na Babilônia, o grau de importância dos Deuses era identificado pelo número de chifres atribuídos a Ele. Um exemplo principal é Ishtar, uma antiga Deusa, detentora de sete chifres.
Alexandre, o Grande, se declarou um Deus depois de tomar o trono do Egito e, para demonstrar o seu poder, encomendou uma pintura sua ornada de chifres de carneiro. O Alcorão chama Alexandre de “Iskander Dh’l Karnain”, que quer dizer “Alexandra dos dois chifres”. Uma alusão ao seu nome é preservada até hoje em Tradição Alexandrina, na qual o Deus é chamado de Karnayana.
O Deus Cornífero simboliza a força masculina da Natureza. Ele é a “contraparte” da Deusa. Nós, Wiccanos, vemos o Deus representado pelo Sol. Desde tempos imemoráveis, as mudanças das estações foram percebidas como padrões diferentes de calor do Sol ou, então, do Deus. Nós, Bruxos, celebramos as mudanças das estações com rituais especiais, chamados de Sabbats, que ocorrem oito vezes por ano. Embora o Sol e o Deus ainda sejam vistos como originadores dessas mudanças, a Deusa também é venerada nessas ocasiões, pois é através Dela (a Terra) e Dele (a semente fertilizada e o Sol fertilizador) que todos seremos nutridos.
O Deus Cornífero é representado por um homem com cabeça de humano e pernas e chifres de cabra ou cervo. Nos tempos antigos Ele era invocado antes de o homem sair para caçar, para abençoar o caçador com sucesso e fartura. O Deus Cornífero não é só o Caçador, mas também é considerado a própria caça. Ele era visto como um animal sacrifical, imolado para que o Clã pudesse sobreviver durante os sucessivos meses de inverno. Ele é o Sol durante o dia, mas também é o Sol da meia-noite. Ele é o Senhor da Luz, mas também da Escuridão da noite, das Sombras, das profundidades da floresta, das profundezas do submundo.
Ele era reverenciado e invocado antes das sementes serem plantadas e novamente quando eram colhidas. Ele se mostra na terra vivente, na grama, nas árvores e na vinha. Esse aspecto é o Deus da Morte, que é enterrado como semente e que ressurge novamente verde e jovem na Primavera, renascido do Útero da Grande Mãe. Ele se mostra também nas colinas estéreis e frias, nos ventos indomáveis e nas planícies de Inverno.
O Deus Cornudo é o espírito de vegetação, das coisas verdes e crescentes, da floresta e do campo. Dionísio, Adonis e muitos outros Deuses da vegetação e colheita eram freqüentemente descritos como cornudos e eventualmente usavam chifres de touro, cabra, carneiro ou veado.
Muitos Wiccanos chamam o Deus de Cernunnos, que é a versão Céltica e Galo-romano do Deus Cornífero. Um altar para Cernunnos foi descoberto debaixo do que é agora a Catedral de Notre-Dame, em Paris, França. Herne, o Caçador, também é usado freqüentemente para designar o Deus. Muitas variações dos nomes do Deus aparecem como nomes de alguns lugares na Inglaterra. Cerne Abbas, na Inglaterra meridional, é um exemplo.
O Deus Cornífero foi transformado no “Diabo” cristão por aqueles que foram tentar difundir sua fé na Europa Antiga. Muito antes de o cristianismo emigrar dos desertos de Jerusalém, o Deus Cornífero era tido como o símbolo da vida, da sexualidade, do êxtase, da liberdade e da indomabilidade.
Muitas deidades Pagãs foram absorvidas pelo cristianismo. Porém, o Deus Cornífero transpareceu num semblante ameaçador os primeiros cristãos. Ele era um Deus animalesco e sexual. Uma Divindade da noite e da floresta. Considerando que o Cristianismo era uma religião praticada durante o dia, em templos, ele não teve lugar e teve que ser excluído. O Cristianismo viu a sexualidade como a escuridão e o mal, e o Deus Cornífero foi identificado como o princípio do mal, chamado por eles de Diabo. Ainda assim, o Deus Cornífero sobreviveu por séculos de supressão e difamação.
Consideremos os muitos modos nos quais o Deus Cornudo sobreviveu. O folclore o retratou como Robin Goodfellow e Puck. Puck é o personagem principal em Sonho de uma Noite de Verão, peça na qual Shakespeare desenvolveu em um dia de Sabbat (Solstício de Verão-Litha) a trama da história. O Homem Verde (Green Man) ainda é venerado em celebrações e é um símbolo comum achado nas paredes das tavernas na Inglaterra.
Ele é forte e poderoso, mas não deve ser temido. O corpo dele é de um homem, mas os seus pés são patas, e os chifres capturam os poderes dos céus, do Sol e das estrelas. Ele é Deus do constante renovar, do movimento eterno, e é considerado a própria força crescente de vida. O Deus Cornífero é o caçador, o guerreiro, o gerador, o Rei da terra, e representa ao mesmo tempo as mudanças e verdades.
É o Deus visto com características duais. Ele é o Deus do Verão e do Inverno. Ele é o Rei do Sol, o Rei do Milho e o Homem Verde, honrados no Verão. Ele é o Senhor do Submundo, o Caçador, o Pastor e o Curandeiro, na sua face do Inverno. Ele é o Sol renascido no Solstício de Inverno que traz vida e alegria, mas também o Senhor da Luz e da Morte.

(((http://bruxaguinevere.blogspot.com.br)))
O Deus Cornífero - Parte II

Entrando em Contato com as Faces do Deus


Sou o brilhante Deus, Senhor do Sol, Mestre de tudo aquilo que é Selvagem e livre, Pai das mulheres e homens, Amante da Deusa Lua.
Sou o som que você desconhece, mas que te chama.
Sou quem, no sono profundo, reacende os mistérios noturnos.
Resido dentro de você.
Venha, adentre em meu mundo e conhecerá a ti mesmo.


O Deus Conífero é o Senhor da fauna, flora e animais e nos coloca em contato com o nosso lado mais animalesco e primitivo, capaz de nos conduzir ao centro de nossos mais puros instintos e vitalidade plena.
O Deus, assim como a Deusa, possui também três aspectos: o Cornífero, o Homem Verde e o Ancião.
Cada uma das faces do Deus está associada a um período da evolução humana e de nossa própria vida.
Meditar com o Deus nos traz a possibilidade de contatarmos o nosso Eu mais profundo. Isso traz um processo de integração total com a Natureza e os seus ciclos, além de possibilitar uma maior interação com a vida e a humanidade como um todo.

Entrar em contato com a energia do Deus é um processo vital para a recuperação de nossos dons perdidos ou esquecidos.
O Cornífero
É a face do Deus que exerce domínio sobre as florestas. Ele é a representação da Natureza intocada e de tudo o que é livre. Nesse aspecto o Deus assume a face de Caçador e representa a renovação, virilidade, força, fertilidade e vitalidade. O Cornífero exerce domínio sobre os animais selvagens e ferozes. Esteve em contato direto com a humanidade principalmente nos períodos Neolítico e Paleolítico, onde os homens subsistiam principalmente da caça.
Os exemplos associados à face de Cornífero do Deus:
Cernunnos: Deus celta, portador de chifres é regente dos animais selvagens e bosques. Está associado à fertilidade e fartura.
Dionísio: Deus grego que assumia a forma de touro ou bode, ambos símbolos da fertilidade. Está associado à fertilidade e tinha a capacidade de morrer e renascer.
Esus: Deus celta associado ao touro, que era acompanhado freqüentemente por três pássaros. Posteriormente, foi identificado como Cernunnos. Está associado ao Submundo e muitas vezes era representado brandindo um machado contra uma árvore.
Odin: Deus germânico associado à magia, à guerra e ao êxtase. Muitas vezes é representado portando um capacete de chifres e acompanhado por um cervo.

Temas de rituais que usam o aspecto de Cornífero do Deus:
• Resgatar energia e proteção.
• Atrair coragem, garra e vigor.
• Começar um novo trabalho ou qualquer outro empreendimento.
• Trazer fertilidade e gravidez.
• Requerer o senso de comunidade ou família.
• Livrar-se de estresse.
• Invocar os poderes da fartura e prosperidade.
• Atrair o vigor sexual.
• Aumentar a percepção, os sentidos e instintos.
• Centralizar.
• Estabilizar situações.
• Resolver problemas difíceis.
• Neutralizar a inércia em uma dada situação.
• Atrair a prosperidade e riqueza.
• Trazer o poder da razão.

Meditando com o Cornífero
Material necessário:
• Uma vela marrom;
• Um tambor;
• Bastão.

Procedimento: Acenda a vela sobre o seu Altar. Trace o Círculo e invoque o Deus com o seu Bastão, dizendo:
Chamo por Aquele que domina os campos, as montanhas, os vales e as charnecas, o Deus Cornífero, Senhor da alegria e fertilidade para que esteja comigo.
Senhor dos sete galhos sagrados,
Venha a mim
Senhor dos animais,
Venha a mim.
Caçador de chifres da meia-noite,
Venha a mim.
Condutor da Eterna Dança,
Venha a mim.
Touro negro do anoitecer,
Venha a mim.
Astado Divino, Doador da vida,
Venha a mim!

Olhe fixamente para a chama da vela e comece a tocar o tambor. Deixe sua consciência divagar por onde quiser, indo rumo a um bosque. Sinta as batidas do tambor e deixe que elas o levem até esse bosque.
Siga as batidas do instrumento e cada vez bata mais forte, sentindo o coração da Terra pulsar através das batidas do tambor, e caminhe através da sua mente ao bosque.
Ao chegar, peça mentalmente que o Deus se apresente a você na sua face de Cornífero. Continue tocando o tambor, mas preste atenção ao bosque até que o Deus decida se aproximar de você.
Quando ele se aproximar, converse com Ele, peça-lhe instruções e diga por que você foi ao encontro Dele. Seja sincero.
O Deus conversará com você e o instruirá sobre como agir em relação à solicitação feita por você.
Peça que Ele doe um pouco de seu poder e vitalidade a você. O Deus então lhe estende a mão e quando a abre você vê um objeto, um símbolo, ou algo semelhante. O Deus entrega para você. Esse é o portal de acesso pelo qual você poderá invocar a energia do Deus quando necessário. Guarde-o, e, se possível, reproduza esse objeto ou símbolo em madeira, pedra ou metal e tenha-o sempre junto de você.
Continue tocando o tambor. Aos poucos o Deus se afasta. Agradeça a Ele pela presteza com que atendeu ao seu chamado e deixe-o seguir.
Continue tocando o tambor e deixe que suas batidas o tragam de volta à sua consciência normal. Bata cada vez mais rápido e intensamente e sinta-se voltando a ela.
Quando se sentir centrado, abra os olhos e agradeça mentalmente mais uma vez ao Deus.
Deixe a vela queimar até o fim em homenagem ao Cornífero.

O Homem Verde
O segundo aspecto do Deus é o Homem Verde (Green Man), Ele é o Senhor da Colheita e de toda a Natureza cultivada. Está relacionado aos grãos e ao desenvolvimento da agricultura. Exerce domínio sobre a vida e o crescimento das plantas. É ele que nos traz a alegria, a felicidade. Está associado aos excessos e ao êxtase provocado pelo vinho, tão sagrado para as culturas primitivas. Nessa face Ele assume vários papéis, principalmente o de Filho e Amante da Deusa.
Os exemplos associados à face do Homem Verde do Deus são:
Green Man: Uma Divindade que aparece em várias representações como um homem coberto de folhas. Está associado às florestas, à alegria, à descontração. Sua face com múltiplas folhas aparece em construções de antigas tabernas, espalhadas por toda a Europa, representando a sua ligação com a embriaguez através do vinho. É o portador de alegria.
Baco: Deus romano da fertilidade e do vinho. Suas cerimônias sagradas, as bacanais, eram marcadas por excessos de todos os tipos, principalmente os alcoólicos.
Dionísio: Aparece muitas vezes como o Deus da embriaguez. Segundo as crenças gregas, ele era o criador do vinho e suas Sacerdotisas, as Mênades, corriam e dançavam nuas pelos bosques, atordoadas pelo efeito do vinho (tido como o próprio Deus), agitando tochas e bastões de tirso nas mãos, em homenagem ao Deus.
Sileno: O tutor de Dionísio e o líder dos Sátiros. Muitas vezes representado como um Deus careca e barrigudo. Está relacionado à fertilidade e ao êxtase, em todas as suas manifestações.

Temas de rituais que usam a face de Homem Verde do Deus:
• Invocar a mudança da essência de espírito.
• Invocar a energia de descontração.
• Atrair felicidade.
• Estabelecer transformações necessárias.
• Atrair o otimismo e a alegria.
• Invocar as energias de expansão e prosperidade.
• Aumentar a sensualidade, o erotismo e a espontaneidade.
• Libertar-se dos grilhões impostos pela sociedade.
• Abrir os caminhos para atrair oportunidades na vida.
• Atrair a jovialidade e o entusiasmo.

Meditando com o Homem de Verde
Material necessário:
• Uma vela verde;
• Cálice com vinho;
• Folhas verdes.

Procedimento: Coloque a vela sobre o Altar. Trace o Círculo Mágico e então a acenda. Espalhe as folhas sobre o Altar enquanto invoca o Deus com as seguintes palavras:
Invoco a ti, Homem Verde dos bosques e das vinhas.
Invoco-o para que venha do seu mundo para compartilhar sua alegria e felicidade comigo.

Venha, Deus da face de folhas,
Deus que caminha entre as folhagens,
Quem semeia e faz brotar!
Invoco-o, Senhor.
Venha, compartilhe sua satisfação comigo.
Feche os olhos, respire profundamente por três vezes.
Imagine-se indo a direção a uma mata virgem. Sinta a energia mágica e comungue com os Espíritos da Natureza que residem nesse lugar.
Sinta o cheiro das folhas, das árvores e da terra.
Coloque a sua mão esquerda no tronco de alguma árvore frondosa que você encontrar no caminho e leve a mão direita em direção ao seu peito. Sinta o poder que ela tem de revigorar as energias e renovar. Absorva o poder da Natureza. Aos poucos você percebe que a sua mão não toca mais em um tronco, mas sim a mão de um homem todo vestido de folhas, com o rosto coberto por elas, aparecendo só os olhos dele. Ele é o Homem Verde, o Green Man, o Senhor das folhas verdes e das florestas. Ele sorri para você e lhe transmite todo seu poder de alegria e vida através do seu toque.

Ele veio dos reinos escondidos abençoá-lo com a sua magia.
Permaneça algum momento sentindo a energia do Deus através de seu toque. Dialogue mentalmente com Ele. Peça-lhe conselhos deixe que Ele o instrua.
Continue absorvendo a energia e deixe-se levar pelas lembranças de quando era criança, feliz e inocente. Como a sua infância se reflete na sua vida atual? Você vive a sua criança interior em todas as suas potencialidades? Reflita. Busque respostas junto ao Homem Verde para os seus problemas e as soluções para resolvê-los. Deixe Ele aconselhá-lo.
Quando tiver conversado tudo o que for necessário, agradeça ao Deus. Muitas brumas começam a se formar ao seu redor até que você consiga mais ver nada, mas você continua segurando a mão do Deus Verde. Aos poucos as brumas vão se dispersando e você percebe que não está mais segurando a mão do Deus, mas, sim, tocando o tronco forte da árvore novamente.
Agradeça aos Espíritos da Natureza e retorne pelo mesmo caminho que você trilhou para chegar lá.
Respire profundamente três vezes e abra os olhos.

O Ancião
O Ancião é a terceira face do Deus e representa o conhecimento acumulado e a sabedoria. Exerce domínio sobre os conhecimentos ocultos e sobre a Magia. Ele é o Deus das Sombras, aquele que conduz as almas dos homens ao Outro Mundo. Está relacionado ao início das civilizações.
Os exemplos associados à face de Ancião do Deus são:
Dagda: O bom Deus dos celtas irlandeses. É o Deus que ocupa lugar preponderante entre os Tuatha de Dannan. Seu título “Ollathir” significa “Pai de todos”.

Cronos: Deus grego do tempo e do destino dos homens. Ele castrou seu pai, Urano, e assumiu o domínio do mundo. Para não perder seu trono engoliu todos os seus filhos, menos Zeus, que mais tarde o suplantou e tornou-se o grande pai dos Deuses.
Teutates: O mais poderoso dos aspectos do Deus, entre os celtas, Teutates está associado às guerras, mas aparece muitas vezes como um Deus da fertilidade e abundância. Era considerado o Rei do Mundo.
Plutos: Deus grego das riquezas. Em uma de suas lendas ele aparece como um velho cego que distribui riquezas e presentes de maneira aleatória e injusta.

Temas de rituais que usam de Ancião do Deus:
• Atrair conhecimento de todas as ordens.
• Entrar em contato com a sabedoria ancestral
• Aumentar o poder de magia inerente a cada um de nós.
• Encontrar soluções para os problemas.
• Transmutar energias.
• Transformar situações
• Banir energias maléficas.
• Afastar inimigos e pessoas indesejadas.
• Afastar o azar.
• Revelar segredos.
• Estabelecer ligação com o inconsciente.
• Necessitar de proteção.

Meditando com o Ancião
Material necessário:
• Uma vela preta;
• Um cajado;
• Uma túnica preta com capuz.

Procedimento: Coloque a sua túnica, trace o Círculo Mágico e acenda a vela preta. Bata três vezes no solo com o cajado, chamando o Deus Ancião:
Senhor que caminha nos reinos ocultos,
Eu chamo você.
Sombras, voz que me chama,
Deus que revela o seu mundo,
Venha a mim.
Você, que no sono profundo reacende os mistérios da noite.
Venha!
Senhor da magia e do conhecimento oculto,
Grande transformador e sábio,
Venha a mim.

Cubra a cabeça com o capuz e continue batendo no solo com o cajado. Feche os olhos e siga a batida, indo em direção a uma caverna. Você chega à entrada e pede licença aos seres daquele lugar para entrar.
A caverna é escura, mas à sua frente, lá no fundo, você pode ver um pequeno foco de luz. Siga em direção à luz.
Lentamente você se aproxima da luz e percebe que ela provém de uma pequena fogueira que está em uma ampla área, onde se encontra um Ancião, sentado em um trono. Ele carrega em uma das mãos um cajado com muitos símbolos. Convida-o para sentar, apontando um banquinho ao lado de Seu trono. Você senta e então Ele o abençoa com o cajado, tocando-o em seu chacra do terceiro olho. Ao fazer isso, uma forte luz se espalha por toda a caverna. Esta luz é forte e de poder regenerador, capaz de lhe dar acesso aos conhecimentos mais sagrados do Universo, que só o Ancião pode lhe proporcionar.
Deixe-se ser invadido pela luz e pela força que o Ancião lhe transmite.
Ele lhe dá um dos símbolos que se encontra pendurado no seu cajado, dizendo que é um presente dele para você. Guarde o símbolo e agradeça ao Ancião. Despeça-se, fazendo uma inclinação de reverência com a cabeça e siga em direção à saída da caverna.
Nesse estágio da meditação, comece a bater novamente o seu cajado e deixe o som trazê-lo de volta à realidade. Acalme a sua mente, centre-se e abra os olhos.

Mistérios Masculinos
Para os primitivos povos caçadores, os animais selvagens eram manifestações do desconhecido. A fonte de perigo e sobrevivência foi associada psicologicamente à tarefa de compartilhar o mundo silvestre com esses seres. Ocorreu uma identificação inconsciente, que se manifestou nos míticos totens meio humanos, meio animais das antigas tribos. Os animais tornaram-se tutores da humanidade. Através de imitações, as naturezas separadas de humanos e animais foram derrubados e criou-se a União. O mesmo é verdade acerca das posteriores comunidades agrícolas, as quais viram os ciclos de vida e morte dos humanos refletidos nos ciclos das colheitas.
Joseph Campbell, Primitive Mythology

Os Mistérios Masculinos surgiram do culto matrifocal do período neolítico. Baseiam-se na formação de cultos de caçadores e guerreiros necessários à sobrevivência do clã como um todo. Esses subcultos não sofreram influência das mulheres do clã, que permaneciam nas aldeias enquanto os homens estavam longe, caçando ou lutando contra inimigos. Eram períodos nos quais os homens estavam as sós e juntos, longe das responsabilidades da comunidade familiar ou da aldeia. Assim, livres das restrições da estrutura social estabelecida pelas mulheres, os homens desenvolveram uma subcultura própria, refletindo seus desejos e necessidades exclusivamente masculinos.
A Tradição Misteriosa Masculina pode ser dividida em até quatro categorias: o Caçador-Guerreiro, o Sátiro, o Rei Divino-Deus Sacrificado e o Herói. Esses mistérios associados aos homens resumem bem os aspectos da mentalidade e do comportamento masculinos. Assim, podemos separar a maioria dos homens em uma ou mais das categorias acima. Como ocorre com todas as generalizações (e estereótipos), esse aspecto comportamental ou de mentalidade não se aplicam a todos os indivíduos.
Iniciações envolvendo teste de bravura, força física, resistência ou tolerância à dor eram aspectos de iniciação nos antigos cultos masculinos. Eram traços essenciais para a sociedade masculina. Principalmente em razão do fato de que a caça de animais era perigosa, os inimigos eram comuns, as lutas inevitáveis e os ferimentos físicos esperados. Assim, no início da puberdade, quando os hormônios magicamente transformam garotos em homens, tinha início os primeiros ritos de masculinidade.
O primeiro passo nessa iniciação transformativa era encontrar-se com o Monstro (o que quer que isso represente a uma certa comunidade). Há uma antiga lenda que envolve um clã cuja aldeia estava sujeita aos horríveis sons de um monstro habitando nos bosques ao redor. Somente os guerreiros/caçadores abandonavam a segurança da aldeia, e mesmo assim armados até os dentes. Os restantes ouviam amedrontados os sons da incrível criatura. Os homens geralmente voltavam trazendo descrições apavorantes desse perigoso monstro.
Quando um garoto atingia a puberdade, ele devia seguir os homens pelos bosques e encarar a criatura. Durante a jornada, os homens gradualmente desapareciam entre as árvores sem serem percebidos, até que o garoto ficasse na companhia de apenas deles, seu iniciador. Quando se aproximavam do local de onde emanavam os sons, o garoto recebia uma lança; a seguir o homem apanhava-o pelo braço e, bradando um grito de guerra, corria impelindo o garoto rumo à clareira para atacar a criatura. No centro da clareira, um homem soprava um enorme chifre de onde emanavam os horríveis urros do monstro. O garoto havia então matado o monstro de sua infância e se tornara um homem.

Era prático dos Mistérios Masculinos criar histórias de bosques assombrados e monstros terríveis. Serviam não só no exemplo acima, mas também para assegurar locais rituais privativos. Isso foi particularmente importante durante a inquisição. O aldeão comum não desejava ingressar em bosques onde forças sobrenaturais estivessem em ação.
O Caçador-Guerreiro
Os primeiros clãs humanos sobreviveram graças, em grande parte, aos caçadores e guerreiros da tribo. Caçava-se o gamo, que fornecia alimento, agasalho e instrumentos confeccionados com cifres e cascos. O alce se tornou um símbolo de provisões, e na sua natureza de líder e protetor da manada, os caçadores primitivos identificaram algo do próprio clã. A rivalidade entre os alces pelas fêmeas era, em muitos aspectos, simbólica das paixões com que os próprios homens lutavam. Entre os gamos, o homem primitivo vislumbrou seus próprios instintos sexuais e de liderança unidos no fervor da caçada (atualmente, diversos esportes suprem essa importante função social nos homens). Ao observar os alces afastando os predadores com golpes de suas galhadas, o homem aprendeu como utilizar a lança. Da íntima relação entre o caçador e a caça, surgiu uma certa reverência e identidade espiritual. Os homens foram provavelmente os primeiros a sigilar conceitos, o rastro de um animal passou a simbolizar esse animal; ver esse símbolo significava a possibilidade de ver o próprio animal (o protótipo da evocação). Ao reverter o processo, cria-se o símbolo e, portanto, cria-se a possibilidade de ver o animal a ele associado. Dessa associação primitiva surgiu o pensamento mágico, e vemos que os antigos entalhes e pinturas rupestres visavam evocar a presença de vários animais de caça.
Em tempos remotos, o membro mais valente e mais forte do clã assumia uma posição elevada no culto do caçador-guerreiro, assim como o grande alce entre seu harém de fêmeas. Esses eram os atributos mais importantes para assegurar sucesso na caça e na luta. Trajando peles e os chifres de sua presa, o poder primitivo passava e seu espírito e ele se tornavam o Mestre dos Animais, Senhor da Floresta. Um dos mais interessantes aspectos dos Mistérios do Caçador-Guerreiro concerne aos códigos de conduta formada numa sociedade basicamente violenta. À medida que o homem se tornava menos bárbaro, estabelecia várias regras, principalmente relacionadas às lutas. Incluem-se aqui regras acerca do tratamento dispensado aos prisioneiros, quando um inimigo desarmado podia ou não ser morto, e assim por diante. Tal código de honra pessoal tornou-se a pedra fundamental das sociedades masculinas.
Um homem que fosse respeitado por sua capacidade física e suas habilidades em combate perderia rapidamente o respeito dos demais se demonstrasse falta de honra. Isso assinalou um período no qual o homem interior era mias importante do que o exterior. Um exemplo moderno seria o herói do esporte que demonstra pouco espírito esportivo em campo. A verdadeira força de um homem não está em sua força física, mas em seu controle pessoal. Saber quando não empregar seus atributos físicos (direta ou indiretamente) é a marca de um homem de honra. Exemplos disso são a violência física e psicológica a crianças e mulheres.
Atualmente é comum ver os homens como um patriarcado maligno que nada mais fez além de erradicar os antigos cultos da Deusa, e que continua a subjugar conscientemente as mulheres. Contudo, isso não reflete a duradoura tradição dos Mistérios Masculinos, e os homens geralmente demonstram um sacrifício impessoal por outros, especialmente os oprimidos e todos aqueles que não são capazes de se defender. O melhor exemplo é o código de cavalheirismo assumido por um cavaleiro. Apesar da opinião moderna de certos grupos políticos, o verdadeiro homem não oprime ou abusa das mulheres. É, no entanto, natural aos homens competir e manter papéis de liderança social, um fruto dos antigos impulsos que originaram os primeiros cultos ao Caçador-Guerreiro.
O combate é uma experiência que, apesar não ser exclusiva ao homem, é vivida por uma porcentagem muito maior de homens do que de mulheres. Na sociedade moderna, é um período no qual os homens podem chorar e se abraçar sem a desaprovação social. No combate, os homens voluntariamente sacrificam suas vidas pela de um amigo, na defesa de usa nação ou de seus princípios e crenças. Essa é a verdadeira nobreza do homem, surgida de seu eu interior em meio ao caos e o medo. Entretanto, também é verdade que na guerra são cometidas atrocidades, e também isso tem origem na natureza humana. É importante compreender que não se trata de comportamento instintivo; é a manifestação de ódio, preconceito, frustração e vingança. Deve ser cuidada e cultivada, ao contrário dos traços nobres que são inerentes a nossas almas.
Há uma certa especulação sobre os sentimentos de raiva e ressentimento com relação às mulheres, que teriam surgido nas sociedades patriarcais durante a transição de caçador-coletor para agrícola. Foram às mulheres que estabeleceram o mito do Deus Sacrificado envolvendo os homens. As antigas formas divinas do Mestre dos Animais e Senhor da Floresta deram lugar aos deuses com pés de bode e Senhores da Colheita. As mulheres mantiveram as estruturas religiosas, organizando e dirigindo a vida doméstica das pessoas da aldeia, e os homens começaram a trabalhar nos campos. Onde antes o homem era o grande caçador, agora ele caminhava por entre canteiros, plantando sementes. Onde antes ele arremessava sua lança contra a presa, agora rasgava a terra com seu cajado.

Alguns historiadores e arqueólogos crêem que bandos de guerreiros nômades saíram em cruzada contra os cultos matrifocais, numa tentativa de destruí-los (uma teoria amplamente refletida na obra de Marija Gimbutas). É mais provável que as tribos patriarcais simplesmente tenham se expandido em regiões mantidas por sociedades matrifocais como conseqüência de alterações climáticas, crises de fome e/ou falta de caça. Seria o caso dos indo-europeus, conhecidos como belicosos, e que simplesmente apanhavam aquilo que desejavam e necessitavam, dominando toda e qualquer resistência por meio da espada. É pouco provável que as sociedades matrifocais não possuíssem armas ou a habilidade de utilizá-las quando necessário, mas no fim elas acabaram por não ser páreo para os exércitos invasores, e sua cultura foi absorvida pelos conquistadores. Os conceitos e ícones religiosos dos vencidos foram substituídos pelos dos vencedores, pois, segundo uma antiga lógica, os deuses que propiciam a vitória devem ser mais poderosos do que os que permitem a derrota.
O Sátiro
As antigas imagens do sátiro e do centauro simbolizam a divisão no interior do homem entre sua natureza mais elevada e a mais baixa. A metade inferior do corpo, animalística, representava a natureza sexual e o desejo de ser indomável ou sem restrições. A parte superior da figura representava seu intelecto e sua natureza espiritual, buscando equilibrar e governar seus instintos e desejos básicos. Para muitos homens modernos, esse ainda é o dilema em que se encontram. Os homens lutam contra o que os psicólogos chamam de libido ou Id. Esse desejo básico está ligado aos três instintos fundamentais: autopreservação (instinto de sobrevivência), reprodução (instinto sexual) e companhia (instinto de grupo). Ao contrário dos outros animais, a humanidade aparentemente fundiu esses três instintos num quarto, o instinto religioso. É por intermédio da religião que os humanos vêm desenvolvendo maneiras de lidar com seus medos e desejos naturais.
Na sociedade moderna, os instintos masculinos foram canalizados em esportes e outras formas de competição. Em tempos remotos, estavam incorporados a rituais que fortaleciam a terra e a comunidade. Esses ritos, assim como os impulsos sexuais dos homens, eram controlados e dirigidos pelas mulheres. Muitas mulheres atualmente ainda tentam controlar os instintos sexuais dos homens ao protestar contra as revistas e vídeos masculinos. Os homens são inerentemente visuais quanto ao estímulo sexual. Caminhos mentais se formaram há muito tempo nessa área, derivando da exposição natural dos órgãos genitais femininos antes que o homem fosse uma criatura ereta. Os genitais emitiam sinais sexuais, alguns deles associados ao sangramento menstrual. A posição de coito normal era a entrada por trás, a qual necessitava de concentração visual. A fêmea, face voltada para longe da atividade, formava trilhas menta onde precisava mais da imaginação do que da visualização real para se estimular sexualmente. Atualmente, os homens sentem atraídos por seios fartos e lábios vermelhos, reminiscências das nádegas e da vagina expostas quando vistas por trás.
Em tempos remotos, as mulheres não associavam o prazer sexual de um homem num ritual a algo negativo. Seu sêmen era mágico e gerava vida; portanto, era empregado como um dos sagrados fluidos rituais e cerimoniais. Infelizmente, muitas pessoas hoje consideram um ritual que inclua prazer sexual aos homens como algo perverso, manipulativo ou abusivo para as mulheres. Essa repressão do poder dinâmico inerente aos homens criou uma fissura entre as mentes consciente e inconsciente. Assim, a imagem de um sátiro simboliza o homem perdido entre sua natureza elevada e inferior. Em alguns casos, isso pode se manifestar num homem na forma de uma incapacidade de compreender seus próprios sentimentos, o que o leva a buscar válvulas de escape físicas para manter ou descobrir seu senso de identidade.
O Reino Divino / O Deus Sacrificado
Em tempos remotos, a lei “só os mais fortes sobrevivem” era uma realidade verdadeira e comum. Hoje, graças à medicina moderna e à tecnologia, nossa sociedade mantém vivos aqueles que a Natureza permitiria morrer. (Isso não é um julgamento, mas uma simples observação.)
No sistema das tribos primitivas, os caçadores e os guerreiros possuíam papel importante na estrutura social. Os mais valentes e argutos dentre eles eram honrados pela tribo e seguidos como líderes. Em muitos casos, o bem-estar desse indivíduo afetava o bem-estar de toda a tribo. Esse é um tema amplamente explorado no mito norte-europeu do Rei Arthur. Merlin diz a Arthur que, caso tenha sucesso, a terra florescerá; caso contrário, a terra fenecerá. Arthur então pergunta: “Por quê?” Ao que Merlin responde: “Porque você é o Rei!” Mesmo atualmente, as doenças de nossos líderes nacionais são minimizadas, eles estão sempre “se recuperando gradualmente”. Para compreendermos essa relação íntima, devemos analisar certos aspectos e conexões. Enquanto Merlin diz a Arthur: “Você é a Terra, e a Terra é você”, prosseguiremos em nossa jornada ao passado para descobrir essas antigas raízes.
Antes que os humanos aprendessem a cultivar plantações e a criar animais, a caça era essencial para a vida. Sem caçadores capacitados, os clãs desapareceriam. A caça era uma atividade perigosa, pois os humanos ainda não haviam se retirado da cadeia alimentar. As armas primitivas exigiam que os caçadores se aproximassem muito da presa, e os ferimentos pessoais eram corriqueiros. Muitos caçadores perderam a vida ou ficaram incapacitados como resultado da caçada. Com o tempo, o caçador passou a guerreiro, arriscando sua vida pela tribo. As necessidades da tribo fossem por alimento ou por defesa, exigiam o envio de melhor caçador ou guerreiro existente na tribo.
Com o passar do tempo, esse conceito evoluiu com a consciência religiosa e espiritual da humanidade. O conceito de Deidade, bem como seu papel na vida e na morte, tomaram forma em meio a rituais e dogmas. Conseqüentemente, surgiu a idéia de enviar o melhor elemento da tribo diretamente aos deuses para assegurar favores. Essa foi à origem do sacrifício humano (acreditava-se que os que se apresentavam voluntariamente acabavam por se tornar eles mesmos deuses).
As oferendas não eram novidade para nossos ancestrais; muitas vezes alimento e flores ou caçaram depositados perante os deuses. Um semelhante era considerado a maior oferenda que uma tribo poderia fazer. Entre as oferendas humanas, o sacrifício de um voluntário era a possibilidade máxima. Certamente, acreditavam-se, os deuses garantiriam à tribo qualquer coisa se alguém desejasse abrir mão de sua vida.
Em seu livro Western Inner Working (Weiser, 1983), William Gray aborda diversos aspectos desse tema do Culto. Um deles está relacionado ver com linhagens sangüíneas. Ele escreve:
Algo os impelia a Deidades, não o medo, tampouco a busca por favores, mas eles sentiam um grau de afinidade entre eles próprios e os invisíveis Imortais. De modo extremo, eles percebiam que eram aparentados à distância desses Deuses, e queria fortalecer tal relacionamento. Essa faceta em membros específicos da raça humana apresenta uma certa prova de linhas genéticas que remontam ao “Antigo Sangue” que se originara de fora da própria Terra.
Gray também demonstra como os reis e governantes acabaram por ser sacrificado (por serem os “melhores” do clã) e como as linhagens sangüíneas eram importantes. Os regentes da antiga Roma e do Egito eram considerados por seus povos os descendentes dos deuses, ou eram eles mesmos deuses.
“O Culto ao Reinado” por Gray oferece um relato de como o sangue e a carne eram distribuídos para o clã, e para a terra. Partes do corpo eram enterradas em campos cultivados para assegurar a colheita. Pequenas porções do corpo e do sangue eram adicionadas ao banquete sobre o qual Gray escreve:
Eles concediam ao finado líder o mais honroso sepultamento possível – em seus estômagos.
Esse tipo de mitologia também pode ser encontrado na mitologia cristã, onde o corpo de Jesus é o centro do rito da comunhão. Após o fim de tais práticas, Gray nota que o costume perdurou na forma de cremação em uma pira funerária.
No mito do Rei Divino/Deus Sacrificado, o sacrifício é apenas uma parte da história. Sacrificar é enviar o que temos de melhor, mas e quanto a recuperá-los? Nos versos da Arte, temos uma passagem onde se lê: “. e devemos encontrá-los, reconhecê-los, relembrá-los e amá-los novamente”. Para tanto, foram criados rituais que ocasionassem o renascimento desses Deuses Sacrificados onde às linhagens eram cuidadosamente estudadas. Donzelas especiais eram preparadas para carregar o rebento, geralmente virgens artificialmente inseminadas para que nenhum pai humano fosse conhecido.
Com a evolução e o amadurecimento da consciência humana, os sacrifícios humanos foram substituídos por sacrifícios animais (o ritual do bode expiatório) e posteriormente para sacrifício vegetal. O mesmo mito se aplica ao sacrifício vegetal, e encontramos a “Deidade comida” no pão e vinho (carne e sangue) dos rituais da Arte. Apesar do significado e da preparação terem se perdido em muitos dos sistemas reconstruídos, eles ainda são preservados por muitas das Antigas Tradições da Wicca.
Na antiga tradição, era através dessa conexão com o corpo e o sangue do Deus Sacrificado que as pessoas se integravam com a Deidade. Esse é basicamente o conceito do rito cristão da comunhão ou da Celebração da Eucaristia. Na “Última Ceia”, Jesus declara a seus seguidores que o corpo e o vinho são seu corpo. A seguir, ele afirma que abrirá mão de sua vida por seu povo, e pede-lhes que comam de sua carne e bebam do seu sangue (o pão e o vinho).
Acreditava-se que o sangue continha a essência da força vital. A morte do rei libertava o sagrado espírito interior, e através da distribuição de sua carne e de seu sangue (às pessoas e a terra), uniam-se a terra e o paraíso, e essa energia vital renovava o Reino. Resquícios dessa prática ainda podem ser claramente observados na Antiga Religião, apesar de estarem velados e altamente simbólicos.
O Rei Divino/Deus Sacrificado surgem em vários aspectos no desenrolar das eras. Sua imagem se manifesta como o Jack-in-the-Green, o Hooded Man, O Green Man e o Hanged Man (Enforcado) do tarô. Ele é o Senhor das Plantas, ele é a Colheita e, em seu lugar da Mãe Terra, tampouco usurpa seu poder – ele é seu complemento e seu consorte.
A imagem do Green Man provavelmente simboliza da melhor forma possível o Rei Divino/Deus Sacrificado. Ele é o espírito da Terra, manifesto em todas as formas vegetais. Ele é o poder procriativo e a semente da vida. Sua face é oculta pela folhagem, mas ele está sempre atento. O Green Man representa a relação do homem com a Natureza. O escritor William Anderson, em seu livro The Green Man, diz:
Ele resume em sim mesmo a união que deve ser mantida entre a humanidade e a Natureza. Ele é o próprio símbolo da esperança: afirma que a sabedoria do homem pode se aliar às forças instintivas e emocionais da Natureza.
Ele é, com efeito, nossa ponte entre os Mundos. Ele está integrado ao Paraíso e a Terra, e integrar-se a ele é integrar-se à Fonte de Todas as Coisas.

O Herói
A trilha do herói não é específica a um determinado sexo. A grande maioria dos mitos e lendas remanescentes associados a heróis envolvem homens. É agora parte de nossa Consciência Coletiva como cultura ocidental, e assim é aqui que abordamos os mistérios. Para onde seguimos depois é por nossa conta. Na Antigüidade, o caminho do herói incluía mulheres; resquícios de heroínas ainda existem em lendas como as de Perséfone e Deméter, Inanna, Ísis e tantas outras. Seja um homem a arriscar sua vida em combate, ou uma mulher a fazê-lo no parto, ambos são atos de bravura dignos do caminho do herói. O caminho do Herói é um de auto-sacrifício pelo bem-estar dos demais.
O herói incorpora os elementos pelos quais a cultura que o criou aspira. O herói preserva o que é nobre, inspirador e valioso para uma sociedade, tudo entrelaçado em contos de Busca, desafio e determinação. Joseph Campbell chama a isso de o feito praticado por muitos. Claramente, percebemos que esses feitos dos heróis de qualquer cultura não diferem dos de outra. Nisso vemos que a natureza do Herói é, sem dúvida, universal na cultura humana.
Nos níveis externos, o Herói abandona a segurança de sua tribo ou aldeia e parte ao encontro de um monstro ou para cumprir uma tarefa, em ambos os casos servindo aos interesses de sua comunidade. Num nível interno, cada um de nós é um herói que deve deixar a segurança do que aprendeu e aventurar-se na Busca por conhecimento. O herói deve deixar uma condição e encarar um desafio, por meio do qual possa elevar sua própria consciência. Em algumas vezes, isso é feito deliberadamente; noutras ocorre quase acidentalmente ou como uma reação simples a uma determinada situação. De qualquer forma, são três os elementos do caminho do herói: partida, realização e retorno.
Nas lendas celtas, o herói é geralmente atraído ao desconhecido por uma criatura qualquer que posteriormente se transforma numa fada ou deusa. A aventura do herói se inicia nesse ponto da história. Nas tradições do Egeu/Mediterrâneo, o herói geralmente parte numa Busca pré-determinada com parâmetros definidos. À medida que a consciência espiritual e intelectual da cultura amadurece, a aventura do herói se transforma com ela. A lenda do Rei Arthur é um excelente exemplo de um mito que evoluiu com a consciência da cultura que o formou. Os aspectos lunares anteriores podem ser posteriormente encontrados disfarçados no simbolismo solar patriarcal.
Na Tradição Misteriosa, encontramos algumas similaridades interessantes entre a espada do Rei Arthur e o cetro do Rei no santuário de Diana no Lago Nemi. Somente uma pessoa com determinados poderes seria capaz de retirar a espada da pedra ou quebrar o galho do carvalho de Nemi. Fazê-lo, em ambos o caso, resultava em soberania. O Carvalho Sagrado representava o deus solar e estava sob os cuidados do Guardião do Bosque. No Lago Nemi vivia uma mágica ninfa da água conhecida como Egeria. Ela era associada ao curso d’água que corria da gruta de Diana ao Lago Nemi, bem como ao próprio lago. Egeria em Nemi e a Senhora do lago associada à lenda celta de Arthur podem ser uma só.
O bem-estar do Rei dos Bosques foi em parte atribuídos a essa relação com Egeria. De acordo com Frazer (em The Golden Bough), o riacho de Egeria brotava das raízes do Carvalho Sagrado de Nemi. O carvalho era a madeira utilizada para aquecer a forja onde espadas eram confeccionadas; o carvalho produz temperaturas mais elevadas que outras madeiras. Assim, o espírito do Deus Carvalho passava às chamas e, por conseqüência, à espada empunhada pelo Rei dos Bosques. Esse mito pode muito bem estar por trás da lenda celta do Rei Arthur e da espada Excalibur. A espada mágica de Arthur fora incrustada na pedra de onde ele a retirou, e a ele foi devolvida pela Senhora do Lago após ter partido num tolo desafio de combate. O galho partido do Carvalho de Nemi foi um desafio de combate ao Guardião do Bosque. Era parte da árvore enraizada na terra, plena com a água que brotava do riacho de Egeria. Não é difícil perceber que a espada Excalibur sendo erguida do lago e o Galho de Carvalho que surge da Árvore Sagrada do regato de Egeria são a mesma imagem.
Por vezes o herói é mais uma pessoa espiritual do que um aventureiro ou guerreiro. Ele (a) ensina a transformação da consciência que é o verdadeiro objetivo da Busca do Herói. A Busca em si representa as provações e descobertas necessárias para que se obtenha iluminação. Os períodos negros de nossas vidas, representadas no simbolismo mítico pelo aprisionamento no ventre da baleia, são períodos de provação pessoal. Na cerimônia de iniciação do primeiro grau Wiccano, o iniciado deve encarar uma provação e que somente através do sofrimento ele poderá obter o conhecimento e a iluminação.
A água representa a mente inconsciente, e a baleia representa o que se esconde pro trás. É parte importante da Busca do Herói que este encare o monstro. Um elemento comum na maioria dessas lendas é o que o monstro. Um elemento comum na maioria dessas lendas é o que Campbell chama de auxílio sobrenatural. É aqui que o herói recebe algum tipo de arma mística para enfrentar seus inimigos. Arthur retirando a espada Excalibur da pedra é um bom exemplo. O monstro deve ser derrotado para que o herói cumpra sua Busca. Em outras palavras, o herói deve derrotar o que criaturas como os dragões simbolizam (geralmente medo, insegurança ou egoísmo). Uma vez que o dragão não mais bloqueia o caminho (ou guarda o tesouro), o herói então pode prosseguir rumo a seu objetivo.
É dever do herói, tanto interna como externamente, compreender a relação pessoal com a sociedade na qual vive. O herói deve também aprender a relacionar essa sociedade ao mundo Natural no qual ela existe. Ademais, ele deve compreender a relação de tudo isso com o Grande Cosmos. O herói deve começar sua busca por dentro e, assim na Terra como no Céu, ele compreenderá o Macrocosmo através dos exemplos encontrados e solucionados no Microcosmo. É disso que tratam os mitos de todas as épocas desde que os primeiros contos bárdicos foram entoados.

(Retirado dos Livros Mistérios Wiccanos de Raven Grimassi e Wicca, A Religião da Deusa de Claudiney Prieto).
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Se não sabes quem quem és, como poderás encontrar o teu caminho? O teu espírito sabe, mas receio que a carne que agora usas tenha de percorrer um longo caminho antes que compreendas. Lembra-te disto: o símbolo nada é. O que conta é a realidade por trás de todos os símbolos.
"A Sacerdotisa de Avalon"-