AS MULHERES GUERREIRAS CELTA
As mulheres celtas viveram por volta de 1.500 anos a.C.,
inicialmente, às margens do Rio Danúbio, na Alemanha, e depois se distribuíram
pelo norte da Europa (Alemanha, Suíça, Suécia), Reino Unido (Irlanda,
Inglaterra e Escócia), e para a Península Ibérica (Portugal e Espanha).
As mulheres de origem
Celta eram criadas tão livremente como os homens, A elas era dado o direito de
escolherem seus parceiros e nunca poderiam ser forçadas a uma relação que não
queriam. Eram ensinadas a trabalharem para que pudessem garantir seu sustento,
bem como eram excelentes amantes, donas de casas e mães.
A primeira lição era:
“Ama teu homem e o segue, mas somente se ambos representarem um para o outro o
que a Deusa Mãe ensinou: amor, companheirismo e amizade.”
Todas as mulheres celtas eram temidas por seus oponentes,
pois elas eram treinadas ao manejo das armas, mas também amavam seus filhos com
muita paixão e para defendê-los, golpeavam e matavam selvagemente seus
inimigos. Suas ações eram tão fulminantes, que se dizia que todas elas se
convertiam em uma espécie de catapulta. Pode-se mesmo afirmar, que essas
mulheres, protegidas da Deusa, manifesta em seu aspecto mais terrível, as
convertiam em inimigas invencíveis.
As batalhas sangrentas,
como as realizadas pela rainha vermelha Boudicca, nos dão uma idéia de como é
feroz a essência de toda a mulher quando sua prole é ameaçada. E não é o que
ocorre em nossos dias? A agressividade da mulher está manifesta no mundo
laboral, em sua eficácia produtiva, se tornando uma lutadora no mundo dos
homens. Ainda hoje, luta com máxima ferocidade, contra a honra e respeito
perdidos, buscando a igualdade de direitos e deveres.
Nosso retorno à Deusa é importante para toda a mulher que
busca a totalidade. Toda a mulher que encontrou o sucesso no mundo atual, teve
que sacrificar seus instintos e sua energia feminina, pois vivemos em uma
sociedade patriarcal. Sociedade essa, que para disciplinar os instintos e
atingir o estado heróico, matou e dividiu em pedaços a Deusa para retirar-lhe
toda a potência.
O retorno à Deusa,
nada mais é do que uma reconexão com a nossa feminilidade, ou seja, um
reencontro com a nossa "mãe", que foi silenciada muito antes de
nascermos. Infelizmente, quase todas as mulheres, em virtude da cultura
patriarcal, foram criadas sob a orientação e vigilância de autoridades
abstratas e coletivas e acabaram por alienar-se da sua base feminina e da mãe
pessoal, que freqüentemente é por elas considerada fraca e irrelevante. Mas, é
para estas mulheres que este retorno é mais necessário, pois sem ele jamais
elas serão completas.
Antigas lendas falam de mulheres sábias, médicas,
legisladoras, druidesas, poetisas, indicando que as mulheres ocuparam essas
posições dentro da sociedade. Tampouco eram excluídas do privilégio da
educação, pois existem numerosos registros a respeito. Também houve mulheres
que governaram e esposas de governantes muito populares, assim como também
guerreiras. Podiam ainda, ostentar o mando militar, como foi a caso de Boudicca,
a Rainha e Capitã da tribo dos Iceni britânicos, cujas ações bélicas foram
consideradas as mais sangrentas realizadas pelos celtas.
Quanto as druidesas,
embora muitos autores negam a sua existência é por não terem sido mencionadas
por alguns historiadores da época como Júlio César, que nunca chegou até as
ilhas, de onde provinham todos os relatos acerca das sacerdotisas. Entretanto,
Pomponio Mela faz um relato sobre elas quando acompanhou Adriano até as ilhas
britânicas: "havia na alta Caledônia mulheres sacerdotisas chamadas
Bandruidh que, igual aos druidas varões estão divididas em três
categorias..." e segue detalhando sobre o lugar que ocupavam na sociedade
e as funções que exerciam.
As lendas nos narram episódios onde mulheres druidas eram
relevantes na história, assim: Gáine como uma chefe druida, Aoife ou Aife, irmã
de Deusa Scâthach, que com sua varinha converte em cisnes os filhos de Lyr. A
Biróg, outra druidesa, que ajudou Cian a conhecer Eithlinn, feito muito
relevante na mitologia celta irlandesa, pois dele nasceria posteriormente Lugh.
Muito embora a mulher
celta fosse uma guerreira, ela se preocupava com a aparência. Trançava os
cabelos, usava muitos adornos e até pequenos sinos em suas roupas para atrair a
atenção do sexo oposto. Forte, mas feminina, pois sabia que era a única do
gênero humano que podia dar vida. Sem descendência, não haveria família, nem
clã, nem tribo. Com escassa descendência, sua tribo se tornaria menos numerosa,
possuindo menos recursos, menos mãos para o cultivo e para guerra.
Sabemos que foi através da Mulher que os povos Celtas se
organizaram. Algumas mulheres, sentindo em si mesmas o Espírito dos seus
Ancestrais e dos Deuses divulgaram essa Mensagem tornando-se Voluspas. Leitora
do Oráculo e seu eco místico, a Mulher tornou-se legisladora e, com isso,
poderosa: a voz da Voluspa era a voz Divina que vinha do ventre da Terra e
ecoava por todo o sistema cósmico.Forte, o Oráculo da Voluspa era Lei Geral.
Código de Honra.
Os celtas viviam em
uma sociedade harmônica, que não era nem matriarcal, nem patriarcal, ou seja,
as tarefas e as responsabilidades na aldeia eram realizadas de forma
complementar - dentro do que seriam os ideais de igualdade, liberdade e
fraternidade (observação pessoal).
- Os homens utilizavam sua energia masculina relacionada com
a razão e a força física, basicamente, para fazer ferramentas, caçar e defender
a aldeia, enquanto que as mulheres empregavam a energia feminina da intuição na
manipulação dos alimentos e medicamentos, como também na arte de curar.
- O homem era
representado pelo sol, pelo dia, o claro e a capacidade de prover; e a mulher
pela lua, a noite, que acolhe, acomoda e acalanta.
- Não havia a imagem rígida do "certo" ou
"errado", mas posturas diferentes de vida, sabendo que cada um é
responsável pelos seus atos, que tudo tem "os dois lados da moeda" e
que o próximo devia ser respeitado.
- Os casais se uniam de acordo com sua livre escolha, sem
dogmas ou obrigações e da mesma forma se separavam quando desejassem.
- Não havia o conceito de "posse" ou de domínio,
nem de dualidade entre casais, mas sim o conceito de complemento.
- As mulheres eram muito respeitadas porque
"sangravam" todo mês e não morriam, enquanto que o mesmo não
acontecia com os homens, que voltavam feridos do campo de batalha. Também
porque elas eram capazes de dar cria a seres pequenos.
- O Deus-chifrudo era a representação de um grande caçador,
que havia caçado o maior e mais forte alce e usava a galha (chifre) deste
animal como exibição de força e poder.
- Batizavam suas crianças com rituais de entrega do ser
pequenino aos deuses para pedir proteção e ofertar a esta criança as
características do deus/deusa escolhido(a).
- Casavam-se celebrando a junção de duas almas que se
escolheram para compartilhar os sentimentos que nutrem uma pela outra.
- A dor era respeitosamente chamada de "Mãe-Dor",
sendo compreendida como uma forma de ajudar a pessoa a crescer.
Os celtas viviam próximos à floresta, eram caçadores e
agricultores.
- Observavam e estudavam as pedras, as plantas (ervas), as
fases da lua, a influência que exerciam em suas vidas e tinham assim um bom
relacionamento com a água, com o fogo, com a terra, com os animais e os
elementais (espíritos da natureza).
- Realizavam festas, com danças, músicas e rituais, para
comemorar fases da lua, estações do ano, boa colheita, chegada das chuvas,
entre outras, as quais costumavam durar do poente ao nascente.
- Pão e vinho: eram utilizados nas refeições simbolizando as
bênçãos que a terra dá.
As mulheres
sobreviventes, de tanto serem perseguidas, infiltraram-se na floresta em busca
de proteção e lá reunidas puderam aperfeiçoar e preservar seus conhecimentos.
- Algumas destas mulheres eram uma ameaça para o alto clero
católico, por não aceitarem submeter-se aos conceitos da Igreja, e em função da
sua sabedoria popular, da capacidade de cura e de adivinhações, entre outras
qualidades, e "poderes psíquicos" que demonstravam e, por isso, foram
aprisionadas e condenadas à fogueira.
- Em função desta perseguição, preferiram reunir-se
secretamente e preservar seus conhecimentos utilizando-se de símbolos.
A sociedade celta sempre reservou à mulher um lugar de
honra, e nos melhores momentos irlandeses - épicos ou mitológicos - lá onde o
paganismo se manteve mais forte, ela aparece como poetisa encarregada das
profecias e mágicas. Era livre, dona de seu destino. Mas, com a romanização e a
cristianização, foi transformada em bruxa, sendo-lhe imputados todos os
aspectos inferiores da magia.
Pertencia, porém, em
um certo tempo, à uma sociedade de transição entre o matriarcado - onde a
mulher era vista por sua função criadora, como um ser mágico, uma divindade - e
o patriarcado - onde o homem, ciente de sua participação ativa no ato da
fecundação, passa de inferior ou igual à superior à mulher.
Temos de ter essa visão clara em mente, até para podermos
apreciar ainda mais uma sociedade que, em plena turbulência militar da Idade do
Ferro, onde valores masculinos como coragem e força eram vitais, mesmo assim
fomentou a igualdade entre os sexos de forma bastante acentuada. Ainda que a
sociedade celta jamais tenha sido 'matrifocal' como querem alguns, a mulher
celta era muito mais respeitada do que as mulheres de culturas ditas
"civilizadas" como a grega e a romana.
"Jamais permitas que algum homem te escravize,
nascestes livre para amar e não para ser escrava.
Jamais permita que
você mesma perca a dignidade de ser MULHER!!!